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Bravas

Mulheres

Vai na frente que eu vou índio

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Vai na frente que eu vou índio

Povo indígena Guarani Mbyá

A arte indígena é uma forma de comunicação. Os grafismos, os materiais e as cores usadas em seus objetos têm significados culturais e sociais fundamentais. Um mito de origem dos desenhos conta que o deus Mbyá, criador da Primeira Terra, ensinou as pessoas a fazer o ajaká (cesto). O cesto está associado à mulher e os grafismos que se destacam no trançado estão relacionados à pintura de rosto feminina. Os mesmos desenhos podem ser feitos em vários suportes além da cestaria, como cerâmica, madeira e inclusive o corpo.

(Mito da origem dos grafismos: Silva, Sergio Baptista da. Iconografia e ecologia simbólica: retratando o cosmos Guarani. PROUS, André; LIMA, Tânia Andrade. Os ceramistas Tupiguarani: eixos temáticos. Belo Horizonte: Superintendência do Iphan em Minas Gerais, vol. 3, pág. 115-148, 2010.)

fotografia: Tiago Kickhofel

O povo Guarani habita o Rio Grande do Sul há uns dois mil anos e, ao longo de todo este tempo, alguns grafismos se repetem em diferentes objetos. As peças arqueológicas, cerâmicas e instrumentos em pedra, foram encontradas em diferentes áreas na região de Pelotas, desde as margens da Lagoa dos Patos até a Colônia Maciel e têm por volta de 600 anos de idade.

fotografia: Daniele Borges Bezerra
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fotografia: Daniele Borges Bezerra

Mikaela Barcellos Medeiros é estudante do ensino fundamental. Começou a expressar seus primeiros traços aos cinco anos, fruto de atividades para estimulação visual pois possui deficiência visual/baixa visão. Expressa sua arte da folha de papel com diferentes texturas à tela, já tendo participado de exposições na Feira da Cara Preta, em duas ocasiões; no Piquenique Cultural e na inauguração do Centro Cultural Marrabenta, em Pelotas. Em seus trabalhos estão muito presentes a cultura negra e a figura humana, mas se arrisca em traços abstratos e muito coloridos.

texto: Marielda Barcellos Medeiros

A complementaridade entre os opostos masculino e feminina, característica dos povos indígenas no Brasil, é anulada nas tradicionais representações de seu modo de vida no passado que tendem a reproduzir instituições sociais ocidentais e modernas. Assim, é comum que livros didáticos mostrem os homens associados apenas a atividades onde se supõe uso de força e astúcia, provimento de núcleos familiares e comunicação com o sagrado, desempenhadas fora ou longe do espaço das moradias. As mulheres, por sua vez, são principalmente relacionadas a atividades ligadas à coleta e processamento de alimentos e outras tarefas cumpridas no espaço doméstico ou próximas das casas.

Os desenhos de Mikaela Barcellos Medeiros foram baseados em imagens de livros didáticos e de divulgação científica, mas misturam as posições e/ou invertem os papéis do conteúdo sexista e essencialista dos desenhos originais.

Logo índio Arte: André Valias